quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vitória ou Derrota Online?

No mês de março vimos chocados a reportagem de um casal que deixou a filha de três meses em casa morrer de fome, enquanto cuidava de uma criança virtual numa lan-house em Seul, Coréia do Sul . Em agosto de 2005, um jovem coreano já havia sofrido um ataque cardíaco devido à exaustão, após 50 horas ininterruptas à frente de um computador, num cybercafé, playing com jogos de batalha, estilo RPG . Um em cada 10 adultos coreanos está viciado na internet. O Assunto da edição anterior, perigos e vícios que rondam as famílias, nos levou a pesquisar mais profundamente o uso da internet e outras bugigangas eletrônicas que fazem parte da vida das famílias brasileiras. No Brasil, dois em cada dez jovens brasileiros gastam mais de duas horas diárias pendurados nos videogames, colocando o Brasil na dianteira entre os países da América Latina. 72% dos nossos jovens jogam no computador, sendo que 74% dos meninos jogam videogame e quase 45% deles, em rede. O país é, infelizmente, o segundo que mais admite o uso dos jogos pirateados (32%), ficando apenas atrás do Chile (36%).

Evidentemente, o vício na pós-modernidade não se resume apenas a drogas, sexo, cigarro e bebidas alcoólicas. Milhões se viciam na internet. Nesse campo de pesquisa, cientistas britânicos da Universidade de Leeds afirmaram que as pessoas que passam muito tempo plugados na internet têm maior propensão aos sintomas de depressão. A internet causa depressão ou a rede atrai os deprimidos? Bem, o estudo evidencia que internautas desenvolvem uma compulsão, um forte desejo obsessivo, substituindo a interação da vida real por salas de bate-papo e sites de relacionamentos. O excesso de internet pode subtrair a função social normal, causando transtornos psicológicos, como depressão e dependência. Os sites mais acessados pelos viciados em internet, além das páginas ligadas a sexo e jogos, são as salas de bate-papo e sites de relacionamento pessoal, como Facebook, Twitter, Orkut, LinkedIn, Multiply, Ning, Gazzag e sites de namoro.
A internet trouxe consequências enormes para indivíduos e nações no mundo todo. Sob muitos pontos de vista, ela tornou-se o mais poderoso instrumento de comunicação, mesmo em comparação com o telefone, rádio, televisão e outros veículos, esses que ao longo do último século eliminaram gradualmente os obstáculos causados pelo tempo e pelo espaço. Apesar de ser usada de várias formas positivas, sua utilização imprópria pode, contudo causar também um grande prejuízo a humanidade e a dignidade humana.

Um dos dados mais preocupantes: 87% dos jovens internautas afirmam não ter limites para usar a Internet. A pesquisa mostra que 80% dos jovens navegam sem a supervisão educativa de adultos - pais ou professores. Em São Paulo, por exemplo, seis em cada dez jovens navegam em lan houses. Isso coloca o país no primeiro lugar na América Latina dos usuários desacompanhados. O uso da internet é feito sem mediação! 53% tiveram contato com conteúdos agressivos e que consideravam impróprios para sua idade, 38% dos jovens internautas relataram já ter sido vítima de ciberbullying e 10% afirmaram já ter sofrido algum tipo de chantagem on-line.
Entre os pais, o maior receio é de que os filhos sejam vítimas de um adulto mal intencionado (84%), seguido pelo medo de os filhos terem contato com conteúdos impróprios (74%). 53% dos pais nunca sentem que seus filhos estão seguros on-line e 55% deles acham que os filhos ficam horas demais conectadas Apesar disso tudo, a maioria dos pais continua não impondo regras para o uso que os filhos fazem da Internet. A maioria dos jovens (77%) confirma que não possui limite algum no tempo que podem ficar na Internet.

Esquecemos que é responsabilidade dos pais educar e orientar seus filhos, inclusive no mundo virtual. Paulo afirma em Colossenses 4:6 que a palavra deve ser sempre agradável, temperada com sal, para saber como responder a cada pessoa. Além disso, alertou para que não negligenciássemos nem desprezássemos os jovens, pelo contrário, eles devem mostrar-se padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza (1Tm 4.11,12). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a sociedade nos seguintes termos: “eles perderam toda a vergonha e se entregaram totalmente aos vícios; não têm nenhum controle e fazem todo tipo de coisas indecentes. Vocês fazem parte do povo de Deus; portanto, qualquer tipo de imoralidade sexual, impureza ou cobiça não pode nem mesmo ser assunto de conversa entre vocês (Ef 4.19 e 5.3).
Sem uma boa comunicação com pais, professores e amigos cristãos, crianças e adolescentes absorvem e adotam com mais facilidade comportamentos de risco, fazendo intensos laços de amizades com amigos virtuais (algo feito por um em cada dois adolescentes brasileiros). Um em cada três internautas brasileiros conversam com desconhecidos online. Os pais precisam ensinar comportamentos éticos e procedimentos seguros aos seus filhos enquanto estiverem online, estabelecendo diretrizes para a utilização que fazem da Internet. Afinal, não existe nenhum substituto tecnológico para o papel dos pais, bem como para o seu envolvimento, supervisão e aconselhamento.
O uso da Internet deve ser orientado ao serviço, ao bem estar, à moralidade e aos valores éticos sociais. A internet deve contribuir na resolução dos problemas humanos, promover o desenvolvimento integral das pessoas e criar um mundo governado pela justiça, paz e o amor. Pais e adultos devem comunicar-se melhor com os jovens, adolescentes e crianças, lembrando-os dos perigos de partilhar informações pessoais, fotos íntimas online ou se encontrarem pessoalmente com pessoas que conhecem na Net. Pensemos muito bem em tudo o que colocamos online antes de publicar uma mensagem num blog ou adicionar comentários e fotos pessoais às webpages. “Não se esqueça que qualquer pessoa pode ver esses conteúdos, ficando disponíveis permanentemente na Internet", aconselha Kim Sanchez, responsável de marketing sênior do grupo Trustworthy Computing da Microsoft. Converse em família sobre essas dicas práticas de segurança para ajudar especialmente seus filhos no uso da internet:

1 - Lembre-se que na Internet você nunca pode ter certeza com quem você está conversando. Infelizmente, muitas pessoas mentem e alguém que se diz ser criança pode na verdade ser um adulto perigoso.
2 - Nunca divulgue informações sobre sua vida: último nome, número de telefone, residência, escola - sem perguntar primeiro para seus pais. Desconfie daqueles que querem saber muito sobre você.
3 – Lembre-se das regras de segurança quando estiver on-line: Os sites da web que você visita determinarão em grande parte sua segurança on-line. Sempre siga as regras de uso da Internet, esteja você em casa, na escola, na biblioteca ou em outros lugares. Elas existem para garantir que você possa se divertir de maneira segura.
4 - Sempre demonstre respeito: trate as pessoas que estão on-line como você gostaria de ser tratado. Nunca envie mensagens de e-mail ofensivas ou desagradáveis. Lembre-se de que qualquer coisa que você escrever ou enviar on-line pode ser reenviado a outras pessoas - até mesmo seus pais ou sua escola! Portanto, não diga nada que você não queira que os outros o ouçam dizer.
5 - Fazer planos para encontrar seus amigos de Internet na vida real normalmente é uma idéia muito ruim - não concorde com isso - porque as pessoas na vida real podem ser muito diferentes do que elas dizem que são pelo computador. Se você decidir encontrá-los, leve seus pais com você e encoraje seu amigo virtual a fazer o mesmo.
6 - Desligue o computador se não se sentir confortável. Se alguém com quem você conversa ou alguma coisa que você vir enquanto estiver on-line o fizer se sentir desconfortável ou com medo, simplesmente feche o navegador e desligue o computador. Se você não fornecer informações suas a ninguém, ele ou ela não poderá ameaçá-lo, e você poderá simplesmente ignorar a pessoa (ou bloqueá-la) no futuro. Sempre avise aos seus pais ou professores se você se sentir com medo ou for ameaçado quando estiver on-line.
7 - Se você receber e-mails suspeitos, arquivos ou fotos de alguém que você não conhece, remova-os para a lata de lixo. Do mesmo modo, evite clicar nos links que lhe pareçam suspeitos.
8 - Nunca distribua suas senhas para outros colegas.
9 - Nunca faça nada que possa custar dinheiro à sua família, como por exemplo, compras online, a não ser que haja algum de seus pais ajudando você a fazer isto.
10 - Antes de conversar com um desconhecido na Internet sobre algum problema pessoal, ou algo que você está sentindo, tente antes falar com um parente compreensivo ou um amigo cristão e deixe-os saberem o que você está sentindo. Eles são um recurso melhor e muito mais confiável que um estranho numa rede de bate papo.
11 - Evite entrar em salas de bate papo (chats) que pareçam provocantes ou gerem muita discussão; não deixa as pessoas online utilizarem-se do truque de fazer você pensar neles como amigos na vida real se você nunca os conheceu pessoalmente.
12 – Faça um pequeno contrato de uso da Internet com seus filhos. Muitas famílias descobriram que criar um tipo de "Termo de Compromisso" com regras para uso da internet em conjunto com seus filhos ajuda-os a terem uma experiência construtiva na Internet e a aceitarem melhor as orientações dos pais. Uma das maneiras é fazer uma reunião em família, onde todos concordem em rascunhar um termo de compromisso entre pais e filhos.
Algumas famílias imprimem o texto e assinam em conjunto com as crianças. Veja um exemplo de “contrato” das crianças na Internet:

1. Eu SEMPRE falarei com meus pais imediatamente se alguma coisa estiver confusa ou parecer assustador ou ameaçador.
2. Eu NUNCA darei meu nome completo, endereço, número do telefone, nome de minha escola ou sua localização, horário, senha, ou qualquer informação de identificação quando eu estiver online. Eu sempre consultarei um adulto antes no caso de fazer alguma exceção.
3. Eu NUNCA terei um encontro com alguém que eu só conheço pela Internet. Em casos raros, antes perguntarei aos meus pais o que eles acham, e se eu decidir conhecer um colega da internet, eu terei certeza de encontrá-lo em um lugar público e que um pai ou um guardião estará comigo.
4. Eu NUNCA responderei qualquer mensagem que use palavrões ou palavras que me pareçam assustadoras, ameaçadoras ou estranhas. Se eu receber esse tipo de mensagem, eu a imprimirei e mostrarei para meus pais ou professores. Se eu for incomodado em uma sala de bate papo, eu usarei o botão "ignore" ou sairei dessa sala de bate papo.
5. Eu NUNCA irei para um website que custe dinheiro, ou farei compras via internet, sem primeiro pedir permissão aos meus pais ou professores.
6. Eu NUNCA enviarei uma foto pela Internet ou pelo correio normal para ninguém sem a permissão de meus pais.
7. Eu NUNCA enviarei o número do cartão de crédito dos meus pais sem a autorização dos meus pais.

Assinatura da criança __________________________________ Data________

Assinaturas dos pais __________________________________ Data________


Fonte: http://www.rubensmuzio.org